1) De que forma o Plano de Poupança de Energia aliado ao pacote de medidas para apoiar as empresas vai ajudar a indústria das empresas portuguesas?
Existe uma convergência e complementaridade entre o Plano de Poupança de Energia e o pacote que foi anunciado de ajuda às empresas, pois ambos têm uma linha de abordagem baseada na eficiência energética.
O Plano de Poupança de Energia incide sobre a redução do consumo de energia quer das empresas quer da Administração Pública Central e Local, tudo o que está relacionado com a iluminação, com o controlo dos consumos energéticos, a climatização, mas também inclui o desenvolvimento da produção autossustentável. Isso está em linha, exatamente, com uma das componentes essenciais do pacote de medidas de apoio às empresas que é descarbonização, com um valor de 290 milhões de euros para a eficiência energética, redução do consumo e também a produção autossustentável, sendo essa convergência muito importante.
2) O Plano de Poupança de Energia apresenta medidas de curto, médio e longo prazo apostando na eficiência energética e hídrica, diminuindo o consumo energético e aumentando a competitividade das empresas. Em seu entender, este plano vai permitir acelerar a transição energética em Portugal?
Sim, o Plano de Poupança de Energia é uma das ferramentas que vai permitir acelerar a transição energética em Portugal, combinado com aquilo que são os desígnios do Plano de Recuperação e Resiliência que tem uma componente muito forte para acelerar a transição energética e a descarbonização da economia e também com aquilo que vai estar no PT2030 para configurar esse mesmo caminho. Isso implica a articulação do Plano de Poupança de Energia com os processos de descarbonização, o que implica levar as empresas a mudar as suas fontes de energia, apostar nas energias renováveis, diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, aumentar a eficiência de toda a cadeia de produção e de toda a cadeia de valor, para descarbonizarem de facto todos os seus processos.
Isto vê-se inclusive nas indústrias mais poluentes como as siderúrgicas, as cimenteiras, as indústrias petroquímicas com a adoção de processos de eletrificação da sua produção, processamento dos resíduos, utilização das energias renováveis e, portanto, vai nesse caminho.
3) Enquanto cidadão, que rotinas alterou no seu dia a dia para poupar energia? Que conselhos pode dar aos cidadãos.
A alteração do nosso comportamento é a alteração mais difícil. Somos muito conformistas e muito letárgicos nos nossos hábitos e aqui é necessária uma mudança do paradigma mental.
O que se pode fazer é apostar nos veículos elétricos, ou para aqueles que não querem fazer uma rutura imediata, optar pelos veículos híbridos. Devemos apostar, igualmente, nos transportes públicos e andar mais a pé.
Em casa e no escritório devemos ter atenção às luzes, de forma a reduzir o consumo energético e ter uma espécie de tracking record, ou seja, uma monitorização dos nossos gastos energéticos.
Devemos dar maior atenção aos equipamentos que instalamos, quer em casa quer no escritório, consultando as etiquetas energéticas, analisando, assim, todos os aspetos de uma cadeia integrada de eficiência energética.
O que vai fazer a mudança, é a forma como utilizamos e consumimos energia, e esta mudança tem mesmo de ser diferente, num futuro a caminho da sustentabilidade das cidades e do planeta.