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3 Perguntas a ... José Sarilho e Mário Couto

José Sarilho e Mário Couto

Alumni, Future Energy Leaders Portugal (FELPT)

16.05.2024

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min. de leitura

1 –  O PNEC 2030 perspetiva o aumento da potência renovável instalada em Portugal para quase o dobro em apenas 6 anos, com especial foco nas energias solar fotovoltaica e eólica, ambas não despacháveis. Tendo isto em conta, qual é o papel do armazenamento de energia no futuro do sistema eletroprodutor português? 

De acordo com um artigo publicado pela Agência de Cooperação dos Reguladores da Energia (ACER), referenciado no artigo dos Future Energy Leaders Portugal, as necessidades de flexibilidade na Europa, em particular no curto prazo (intradiário) vão aumentar para mais do dobro. A flexibilidade proporcionada pelo armazenamento de energia é essencial para lidar com a natureza variável das fontes renováveis, como a solar e eólica. Ao armazenar o excesso de energia gerada durante os períodos de alta produção, o armazenamento permite uma resposta rápida e flexível às flutuações na procura e na oferta de eletricidade. Isso ajuda a garantir a estabilidade na gestão do sistema elétrico, contribuindo para o fornecimento de serviços de regulação de frequência, controle de tensão e gestão de congestionamentos nas redes.

 

2 – Quais são as principais tecnologias de armazenamento de energia elétrica que apresentam atualmente a melhor relação custo/benefício, considerando as atuais maturidades tecnológicas? E a longo prazo, quais são as tecnologias que prevêem que venham a cobrir as necessidades de Portugal? 

Atualmente as albufeiras das centrais hidroelétricas representam uma enorme capacidade de armazenamento de energia. Uma central hidroelétrica de grande capacidade, além de ser um ativo de produção despachável com inércia girante, que contribui para a estabilidade de frequência do sistema, é ainda uma solução de armazenamento sazonal, designadamente nas albufeiras de maior capacidade. Outras soluções como o armazenamento eletroquímico, em particular na mobilidade elétrica, os combustíveis verdes ou o calor intensivo, terão um crescimento muito significativo nos próximos anos. Contudo, a energia hídrica foi desde o início (com as primeiras barragens) e continuará a ser, um dos vetores centrais do Sistema Elétrico Nacional.

 

3 – Consideram que a capacidade de armazenamento de energia elétrica prevista no PNEC 2030 será suficiente para garantir o bom funcionamento do sistema? E a longo prazo, prevê-se uma necessidade crescente? 

Com os sistemas energéticos em fase de transição, é difícil responder sobre o que será uma “capacidade suficiente”, em 2030, para garantir o bom funcionamento do sistema. O armazenamento é um entre vários vetores que devem ser considerados para assegurar o objetivo principal – segurança de abastecimento e estabilidade do sistema elétrico em Portugal. As necessidades de armazenamento precisam ser determinadas tendo em conta diversos fatores como a complementaridade geográfica e temporal das fontes de energia renovável, juntamente com a prestação de serviços de flexibilidade do lado da procura, o desenvolvimento da rede elétrica e interligações com Espanha e de Espanha com França, o autoconsumo e as comunidades de energia.

 

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Sobre o entrevistado

José Sarilho tem formação em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
É colaborador na The Navigator Company há 8 anos, onde é especialista de desenvolvimento de projetos de Energia e Descarbonização.
Foi membro ativo no programa FELPT durante o período 2021 a 2023, sendo agora membro Alumni.

Mário Couto é doutorado em Sistemas Sustentáveis de Energia e tem um mestrado integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, ambos pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Atualmente desempenha funções como Senior Technical Leader no Electric Power Research Institute (EPRI), onde trabalha em projetos de investigação e consultoria na área dos sistemas eléctricos de energia. Anteriormente trabalhou na E-Redes e INESC TEC.

A ADENE é a agência nacional para a energia, com uma missão centrada nas pessoas e a ambição de reforçar o posicionamento de Portugal na descarbonização, é um parceiro ativo da transição energética, fortalecendo parcerias, dinamizando a política pública e estando mais próximo dos cidadãos. Com toda a energia!

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