O sol é um recurso abundante em Portugal e está a tornar-se num dos alicerces da nossa transição energética, devido à instalação de sistemas solares fotovoltaicos.
A descentralização da energia é crucial para o futuro da descarbonização do país, por permitir produzir e consumir localmente, tornando mais justo e inclusivo o poder de decisão para empresas e cidadãos.
Mas o que significa descentralizar a energia? E por que é tão importante nos dias de hoje?
De uma forma simples, a descentralização da energia elétrica permite que as Unidades de Produção de Autoconsumo (UPAC), que são as fontes de geração de energia elétrica, se encontrem próximas dos pontos de consumo, ao invés da produção centralizada, onde existe uma grande central (como centrais de gás combinado ou parques fotovoltaicos concentrados) que produz energia para grandes aglomerados de consumidores de energia elétrica que se encontram a longas distâncias. No entanto, nos últimos anos, tem-se assistido a um aumento significativo da instalação de UPAC, tendo passado de 106 mil unidades em 2022 para 236 mil em 2024, o que corresponde a um crescimento de mais de 230%. Este aumento deve-se principalmente à sensibilização da sociedade, aos preços acessíveis da tecnologia solar fotovoltaica, às políticas públicas e a programas de financiamento como o Programa de Apoio a Edifícios mais Sustentáveis do Fundo Ambiental.
A descentralização não só permite o consumo de energia elétrica através de autoconsumo individual (ACI), como também a sua partilha através de Autoconsumo Coletivo (ACC) ou Comunidades de Energia Renovável (CER). Estas iniciativas permitem que consumidores dos setores residencial, comercial, empresarial e público produzam e partilhem energia, reduzindo assim as suas emissões de CO2 e os custos com eletricidade.
Além disso, a descentralização gera empregos e atrai investimentos, fortalecendo a economia nacional. Para a indústria, a UPAC permite aumentar a competitividade ao reduzir custos energéticos e abrir novas oportunidades de negócio, integrando as empresas na transição energética. Contudo, a descarbonização não se limita à descentralização. As grandes centrais solares, embora localizadas em zonas de baixa densidade populacional, são essenciais, pois também atraem investimentos e criam empregos locais, impulsionando as economias regionais.
Em suma, não há uma fórmula perfeita: a combinação de investimentos em produção centralizada e descentralizada é fundamental para atingir as metas do Plano Nacional Energia e Clima (PNEC) 2030, que prevê 15,1 GW de potência instalada centralizada e 5,7 GW descentralizada. Ambos os modelos são complementares e essenciais para uma transição energética eficaz, sustentável e inclusiva, onde todos temos a ganhar neste combate às alterações climáticas, criando-se competências e uma nova geração de emprego.