
A quarta conferência “Pensar a Energia” da ADENE realizou-se a 18 de outubro, na Universidade do Algarve, trazendo para debate os “Desafios e Soluções para um Futuro Sustentável”.
Nelson Lage, Presidente da ADENE, na sessão de abertura, reafirmou o compromisso da Agência para a Energia “em fomentar o debate mas, acima de tudo, a cooperação entre todos os agentes envolvidos na transição energética.”
Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve, anfitriã deste evento, realçou como a Universidade tem assumido o compromisso com a sustentabilidade através do ensino, investigação e as relações com a comunidade.
“A Política do Clima e os Riscos Climáticos” foi o primeiro de quatro painéis, que com moderação de Bruno Veloso, Vice-Presidente da ADENE, reuniu Vítor Santos, Professor Catedrático do ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão e Francisco Ferreira, Presidente da Associação ZERO, para discutir os desafios e oportunidades decorrentes da nova ordem geopolítica, da transição energética e da segurança energética.
Vítor Santos deu nota do baixo desempenho de grande parte do edificado português e como isso está diretamente relacionado com a pobreza energética, um problema nacional, e que pode ser agravado com as alterações climáticas. Já Francisco Ferreira alertou para o facto de as pessoas só compreenderem as medidas e as mudanças se lhes forem explicadas as razões por trás das mesmas, sendo o papel das agências de energia essencial para a componente de formação de toda a sociedade.
Cada vez é mais importante discutir soluções e sensibilizar a participação de todos os agentes da sociedade, desde os governos e empresas até aos cidadãos, para a implementação de medidas eficazes, de forma a garantir a preservação dos recursos hídricos para as próximas gerações. Este foi o repto para o debate do painel 2: “Desafios e Soluções para a Seca no Algarve” que teve a participação de André Gomes, Presidente do Turismo do Algarve, Macário Correia, Presidente da Associação de Regantes do Sotavento Algarvio e Pedro Coelho, Diretor da APA/ARH-Algarve – Agência Portuguesa do Ambiente / Administração de Região Hidrográfica – Algarve e moderação de Ana Paula Rodrigues, Vice-Presidente da ADENE.
André Gomes referiu a importância, no âmbito do Selo Save Water, do papel da monitorização que permite ter uma noção ainda mais exata do impacto dos consumos do setor do turismo, empenhado na redução efetiva do consumo da água. Por sua vez, Pedro Coelho fez um balanço positivo dos resultados alcançados desde a entrada em vigor da Resolução de Conselho de Ministros e quais os desenvolvimentos futuros que poderão vir a ser adotados. A eficiência hídrica, segundo Macário Correia, tem três pilares: poupar água, ser eficiente nos seus consumos e o seu armazenamento.
Analisar o impacto das dinâmicas económicas globais na energia, avaliar os seus efeitos no mercado de trabalho e abordar os desafios da justiça energética, de forma a garantir o acesso universal à energia de forma equitativa, foram os temas abordados no painel 3, “Desigualdade Económica e Social e os Desafios para a Justiça Energética” por Arnaldo Frade, Presidente do Conselho de Administração do Centro de Formação para a Transição Energética; Sandra Faria Araújo, Coordenadora Nacional da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-2030 e Cátia Henriques, Head of External Affairs & Incentives | GALP, moderado por Nelson Lage, Presidente da ADENE.
Arnaldo Frade reforçou a importância da realização de sessões de sensibilização junto da população sobre a transição energética, numa linguagem acessível, pois além da formação técnica, a informal é muito relevante para levar este tema a todos. A pobreza energética pode estar subestimada, segundo Sandra Faria Araújo, pois culturalmente estamos habituados a lidar com o frio e o calor, mas a fraca habitabilidade e a consequente pobreza energética têm um enorme impacto na saúde física e mental das pessoas. Para Cátia Henriques, a transição energética é importante, mas há um preço a pagar e por isso as empresas e o Estado devem ter políticas públicas que protegem os cidadãos mais vulneráveis que também vão contribuir para a transição.
O painel 4 “Energia Inteligente para um Futuro Sustentável” abordou o papel da inovação tecnológica na construção de um novo sistema energético, com foco nas energias renováveis e na inteligência artificial, e contou com a participação de Ana Rita Antunes, Coordenadora Executiva da Coopérnico – Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável C.R.L; Abílio Almeida, Chefe de Divisão da LIPOR – Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto e João Dinis, Coordenador da Cascais Ambiente, com a moderação de Teresa Ponce Leão, Vogal não executivo da ADENE e Presidente do LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P.
João Dinis enumerou algumas das necessidades para a transição energética que passam por uma regulamentação e legislação fácil de aplicar, pelo financiamento e pela sensibilização ambiental dirigida a todos os eixos da sociedade pois um cidadão informado pode exigir que as entidades desenvolvam soluções para a eficiência energética. Para Ana Rita Antunes, a aceleração de novos modelos de negócio e de produção de energia descentralizada necessita de simplificação e a inteligência da energia, tantas vezes associada às grandes empresas, tem de estar também nas mãos do cidadão, pois são capazes de trazer novas soluções. Segundo Abílio Almeida, as questões fulcrais da energia estão relacionadas com recuperação de resíduos, a circularidade e acima de tudo com a sua prevenção e neste momento ainda não existem muitas políticas públicas neste sentido.
O encerramento deste dia de discussão ficou a cargo de Maria João Pereira, Secretária de Estado da Energia, que deu os parabéns à ADENE pelo seu papel ativo ao trazer para a discussão pública os temas da energia, destacando como a energia é o motor do desenvolvimento, mas também está no centro das alterações climáticas e dos conflitos, tendo assim um forte impacto na nossa sociedade. Referiu ainda que só teremos um futuro sustentável quando tivermos acesso à energia limpa e a alternativa para que isso aconteça é descarbonizar a economia e o sistema energético. Para a Secretária de Estado da Energia, a transição energética tem de ser abordada de forma integrada através de três vetores: económico, social, segurança e abastecimento.






