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O anuário Energia em Números: Os grandes números da Energia em Portugal

Jorge Marques

Diretor Formação Informação e Educação ADENE

12.07.2022

3

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No passado mês de junho foi publicada a edição do Energia em Números 2022. Este documento de periodicidade anual, agrega os dados mais relevantes do setor da energia em Portugal produzidos pela DGEG, bem como outros dados recolhidos e sistematizados pela ADENE.

Esta edição apresenta dados referentes aos principais indicadores estatísticos nacionais em matéria de energia, incidindo particularmente na informação relativa ao ano 2020, e também, alguns dados relativos a 2021.

São analisados dados relativos às áreas temáticas dos Indicadores energéticos, Balanço Energético, Produção Doméstica e Transformação, Consumo, Preços, Mercados de Eletricidade e Gás Natural e Eficiência energética.

Portugal está menos dependente do exterior, em 2020 a dependência energética situou-se nos 65,8%, sendo que em 2010 o valor era de 76,1%. A meta estabelecida no Plano Nacional Energia Clima (PNEC) em 2030 é de 65%. Na União Europeia, Portugal foi o 11º país com a maior dependência energética e 7,8 p.p. acima da média UE-27, que foi de 57,5%.

Devido à baixa utilização das centrais termoelétricas a carvão (-55% em 2020 que em 2019), as Emissões de gases com efeito de estufa (GEE) no setor da energia (que representam 70% das emissões totais de GEE) diminuíram 5,9 Mt CO2e de 2019 para 2020.

O consumo de energia primária sem usos não-energéticos ficou em 19,5 Mtep, verificando-se uma redução de 35%, o que representa uma melhoria de 10 p.p. da meta estabelecida (-25%), demonstrando desta forma que Portugal está energeticamente mais eficiente.

O saldo importador de produtos energéticos em 2020 foi de 14 471 ktep, ou seja, uma redução de 21,6% face a 2019, contribuindo em larga escala para este resultado a redução do consumo nas centrais termoelétricas. A redução verificada no petróleo está relacionada com o efeito da pandemia COVID-19, sobretudo no consumo afeto aos transportes. Comparando o ano de 2020 com 2000, a redução do saldo importador foi de 35,3%.

Analisando o consumo das diferentes formas de energia (petróleo, carvão, renováveis, gás natural e outros) em 2020, verifica-se que o petróleo continua a ser a principal fonte de energia primária (40,9%), seguido das renováveis (29,9%), do gás natural (25%) e do carvão (2,7%). Ao nível dos setores de atividade, os transportes continuaram a ser o principal consumidor de energia (32,6%), seguido da indústria (31,2%), do doméstico (19,5%), dos serviços (13,4%) e por fim a agricultura e pescas (3,3%).

A principal fonte de produção doméstica de energia em Portugal em 2020 foi a biomassa com uma contribuição de 46,6%, seguindo-se a eletricidade com 36% (produção hídrica e eólica), as bombas de calor com 9,4%, os biocombustíveis com 4,5%, o solar térmico, resíduos não renováveis e geotermia de baixa entalpia com 3,7% e a tecnologia fotovoltaica com 2,2%.

A potência instalada relativa às fontes de energia renovável em 2021 representou 66% do total instalado, em 2011 esta representava 51%.

O setor dos transportes nacionais em 2020 foi o setor mais penalizado devido ao efeito da pandemia, com uma queda de 16,3% face a 2019. Contudo este setor continua a ser o principal consumidor de energia, representando 33% do consumo total de energia final. 

Em 2021, a cotação do Brent atingiu o valor médio de 59,86 €/barril, representando um aumento de 63,7% face a 2020. Em 2011, a cotação do Brent cifrava-se em 79,93 €/barril.  O preço médio da eletricidade para os consumidores domésticos (banda DC) foi inferior em cerca de 0,0156 €/kWh face ao preço médio da UE-27 (0,2286 €/kWh), sendo Portugal o 10º país com o valor mais elevado dos 27 estados-membros. Relativamente ao gás natural para o mesmo setor, Portugal apresentou o 6º valor mais elevado da UE-27.

Ao nível do mercado de eletricidade, em 2021, verificou-se um aumento de 67 000 novos clientes e foram registados 695 835 pedidos de mudança de comercializador concluídos com sucesso. No mesmo ano foram registados mais 20 000 novos clientes de gás natural face a 2020, tendo sido registados 280 224 pedidos de mudança de comercializador concluídos com sucesso.

No que respeita ao Sistema de Certificação Energética, entre 2008 e 2021, foram emitidos mais de 2,2 milhões de certificados energéticos, dos quais 89% referentes ao setor da habitação. Em 2021, as medidas de melhoria propostas nos certificados energéticos emitidos, representavam um potencial de poupança de 60% da energia consumida no setor da habitação e de 9% no setor do comércio e serviços. 

Relativamente ao Sistema de Gestão de Consumos Intensivos de Energia, as medidas de eficiência energética propostas nos 1 930 PREN aprovados, realizados entre 2008 e 2020, apresentavam potencial de redução de energia primária de 321 ktep e de emissões de GEE em 759 kt de CO2e.

Numa avaliação global dos grandes números da energia, podemos afirmar que Portugal se encontra no bom caminho para a descarbonização e transição energética.

É importante manter esta trajetória de melhoria do desempenho energético do país, de modo a cumprir-se, dentro de uma década, as metas estabelecidas no PNEC 2030.

A transição energética do país não depende apenas dos decisores políticos, pois todos nós, através dos comportamentos que adotarmos, somos responsáveis por contribuir para a sustentabilidade do planeta.

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Sobre o autor

Licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico, auditor da ADENE na área da Certificação Energética de Edifícios e Perito Qualificado. Entre 2010 e 2018 foi Diretor Técnico na ADENE, responsável pela formação de técnicos SCE, formação da Academia ADENE e pela coordenação de projetos internacionais.
Desde 2020 é o Diretor de Formação, Informação e Educação da ADENE com as áreas do Cinergia – Centro para a Informação para a Energia, Observatório da Energia e Academia ADENE.

A ADENE é a agência nacional para a energia, com uma missão centrada nas pessoas e a ambição de reforçar o posicionamento de Portugal na descarbonização, é um parceiro ativo da transição energética, fortalecendo parcerias, dinamizando a política pública e estando mais próximo dos cidadãos. Com toda a energia!

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