3

3 perguntas a...

Miguel Pinto Luz

Vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais

15.09.2022

4

min. de leitura

  1. Quais eram os principais objetivos de Cascais com a medida de tornar os transportes municipais gratuitos para residentes, trabalhadores e estudantes do município?

 

A Câmara Municipal de Cascais tem vindo a assumir um conjunto de compromissos de sustentabilidade do seu território, nomeadamente na área da mobilidade urbana, sendo disso exemplo a experiência de Cascais no desenvolvimento do sistema integrado de mobilidade sustentável – MobiCascais e na implementação do Programa de Mobilidade Gratuita (PMG), a primeira iniciativa de transporte gratuito em Portugal. Os principais objetivos do Programa de Mobilidade gratuita são os seguintes: 

  • Promover a transferência modal do transporte individual para o transporte público e reduzir o tráfego rodoviário no território municipal;
  • Intensificar a utilização do transporte público e da mobilidade partilhada e suave;
  • Promover a inclusão e a igualdade de oportunidades através do acesso ao transporte publico, tornando-o mais acessível, disponível e de melhor qualidade.

 

  1. Para além desta medida, a frota foi renovada e foram integrados autocarros elétricos e a hidrogénio, quais as dificuldades de integração deste tipo de tecnologias nas frotas de transportes públicos?

 

As principais dificuldades de integração de autocarros elétricos e a hidrogénio verificadas nas frotas de transportes públicos do concelho resumem-se nas seguintes: 

  • A ausência de uma política de produção de H2 em Portugal que seja indutora da transição de motores de combustão interna para pilhas de hidrogénio;
  • A necessidade imperativa de construir uma estação de produção, armazenamento e abastecimento de hidrogénio, com a capacidade para produzir Hidrogénio para abastecer as viaturas de transportes publico de passageiros; 
  • Os custos associados à aquisição de viaturas ligeiras a pilha de hidrogénio para renovação da frota municipal;
  • A insuficiente estrutura de postos de carregamento elétrico para o transporte público existentes no concelho;
  • A ausência de fontes de financiamentos para a aquisição de autocarros elétricos e a hidrogénio.

 

  1. O que podem os outros municípios retirar da experiência de Cascais neste campo?

 

A experiência de Cascais permite a transferência das seguintes boas práticas para outros municípios: 

  • É importante a administração local ter um papel ativo e envolver a comunidade local para a concretização de um sistema de mobilidade eficiente e sustentável e, consequentemente, para o desenvolvimento de políticas de gratuitidade nos transportes públicos; 
  • A população também deve ser incentivada a trocar o transporte privado por modos de transporte mais sustentáveis. No caso de Cascais, de forma a recompensar o utilizador por optar por modos sustentáveis, foi desenvolvido um sistema de créditos, designado por “ City Points”, que são transacionáveis em diferentes atividades promovidas pelo município (bilhetes para concertos e museus, etc).
  • O sistema de bilhética instalado nos autocarros e nas estações de partilha de bicicletas deve permitir a utilização de diferentes tecnologias de suporte. No caso de Cascais, os cartões de identificação dos estudantes e dos trabalhadores municipais do concelho funcionam também como títulos de transporte;
  • É essencial a promoção de processos de inovação contínua, baseada em factos e orientado por dados, para a evolução e desenvolvimento do sistema de mobilidade, neste caso o MobiCascais.

 

S

Sobre o entrevistado

Miguel Pinto Luz, Vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais

É licenciado pelo Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade Técnica de Lisboa em Engenharia Eletrotécnica e Engenharia Informática no ano 2000.
Em 2001 prosseguiu a sua carreira académica e de investigação tendo concluído Mestrado em Redes de Computadores no IST, onde desempenhou funções de Docente em diversas cadeiras de graus de licenciatura e pós-graduação.
Foi até ao ano 2005 investigador do grupo de sistemas de informação (GSI) do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC-ID Lisboa).
Em 2012 conclui o MBA na AESE Business School / IESE (Universidade Navarra). No seu percurso de formação passou igualmente por diversas escolas internacionais como Harvard Kennedy School (EUA), (Indian Institute of Management) (India), University of Michigan – Ross School of Business (EUA) e Universidad de Navarra – IESE (Espanha).
Encontra-se a desenvolver Doutoramento na Rotterdam School of Management – Universidade de Erasmus (Holanda).
Em 2005 assumiu o cargo de Adjunto de Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, desde então assume igualmente funções de Administrador em representação da Câmara Municipal de Cascais em diversas agências e empresas do universo municipal e intermunicipal. Foi administrador da Fundação Paula Rego | Casa das Histórias – Paula Rego.
Desde 2005 assume funções de Administrador em representação da Câmara Municipal de Cascais na Agência DNA Cascais, Agência Cascais Energia, Agência Cascais Natura e Agência Cascais Atlântico.
É Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais e é Vice-Presidente da Entidade Regional de Turismo de Lisboa.
Foi nomeado Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações do XX Governo Constitucional em 2015.

A ADENE é a agência nacional para a energia, com uma missão centrada nas pessoas e a ambição de reforçar o posicionamento de Portugal na descarbonização, é um parceiro ativo da transição energética, fortalecendo parcerias, dinamizando a política pública e estando mais próximo dos cidadãos. Com toda a energia!

© ADENE 2024