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3 Perguntas a...Laura Aelenei

Laura Aelenei

Responsável pela Área de Investigação Energia no Ambiente Construído da Unidade de Energias Renováveis e Eficiência Energética, LNEG

14.08.2023

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  1. Tradicionalmente as casas em Portugal são frias. No entanto, é cada vez mais crescente a preocupação com as ondas de calor e potencial sobreaquecimento das casas. Na sua opinião, como respondem as casas portuguesas aos períodos de calor no verão?

De modo geral, os edifícios construídos antes de 1990, quando foi publicado o primeiro regulamento sobre o desempenho energético dos edifícios em Portugal, que introduziu requisitos de qualidade térmica na construção dos edifícios, têm uma qualidade de construção bastante fraca, que se traduz em condições de conforto térmico inadequadas, quer no inverno, quer no verão. Para além disso, o aumento dos efeitos das alterações climáticas nos últimos anos veio acentuar o risco de aumento de sobreaquecimento nessas habitações.  Já as habitações construídas depois de 1990, apresentam níveis de conforto mais elevado, e respondem de uma forma melhor aos períodos de calor extremo, devido às soluções construtivas correspondentes aos requisitos regulamentares.  

 

  1. Quais são as potenciais consequências para os cidadãos quando se encontram em desconforto térmico no verão?

Os períodos de calor extremo podem contribuir para aumentar o desconforto térmico dos cidadãos, com consequências extremamente prejudiciais para crianças, idosos e pessoas com problemas de saúde, para além de ainda afetar a produtividade em ambiente de trabalho.   

 

  1. Que tipo de estratégias podem os cidadãos adotar para melhorar o conforto térmico nas suas habitações no verão?

Em primeiro lugar, deverá ser dada uma especial atenção à utilização das próprias habitações. Nesse sentido, as estratégias mais comuns para melhoria do conforto térmico no verão passam pela utilização de sombreamento para limitar os ganhos solares, e da ventilação natural para extrair o calor em excesso, sobretudo nos períodos noturnos, quando a temperatura ambiente exterior é inferior a temperatura interior.  

Em casos mais gravosos, os cidadãos podem estudar, conjuntamente com um técnico qualificado, as vantagens da melhoria das características termofísicas das envolventes opacas (paredes, tetos/coberturas, pavimentos) e/ou a substituição dos vãos envidraçados. Como medida complementar, os cidadãos podem recorrer a instalação de climatização, devendo ser dada prioridade a equipamentos que recorram a fontes renováveis. 

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Sobre o entrevistado

Laura Aelenei é Investigadora Senior e Responsável pela Área de Investigação Energia no Ambiente Construído da Unidade de Energias Renováveis e Eficiência Energética (UEREE) do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, LNEG (2017-). Licenciou-se em Engenharia Civil – Ramo Edifícios em 1997 na Universidade Técnica “Gh. Asachi” de Iaşi, Roménia onde concluiu também o seu Mestrado em Reabilitação Térmica de Edifícios em 1999. Em 2006 conclui o seu Doutoramento em Engenharia Civil (Física dos Edifícios) no Instituto Superior Técnico/Universidade Técnica de Lisboa. Desde 2000, quando inicia as atividades de investigação como bolseira de doutoramento, as suas principais áreas de investigação são (i) o comportamento térmico em fachadas dos edifícios, conceitos inovadores de fachadas dos edifícios (fachadas dinâmicas), ii) a temática dos Zero Energy Buildings – eficiência energética nos edifícios, integração das energias renováveis e iii) a Energia em Ambiente Urbano Construído – edifícios interativos, integração dos sistemas de energia solar em ambiente construído urbano na perspetiva das cidades do futuro, metabolismo urbano, mapeamento/avaliação de recursos renováveis na cidade e gestão de consumos em edifícios.
Coordenou e participou em mais de 50 propostas de projectos de investigação nacionais e internacionais (elaboração, colaboração e coordenação nacional) é co-autora de 15 livros e mais de 60 artigos publicados em revistas internacionais, nacionais e em actas de Conferências e Congressos. Atualmente coordena 3 projetos Europeus, é co-chair da Ação Cost 19126 PED-EU-NET (Positive Energy Districts European Network) e co-chair do Programa Smart Cities da EERA (European Energy Research Alliance

A ADENE é a agência nacional para a energia, com uma missão centrada nas pessoas e a ambição de reforçar o posicionamento de Portugal na descarbonização, é um parceiro ativo da transição energética, fortalecendo parcerias, dinamizando a política pública e estando mais próximo dos cidadãos. Com toda a energia!

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