1 – O que entendes por férias sustentáveis?
Férias sustentáveis são aquelas cujo meio de transporte, alojamento, alimentação e atividades realizadas são escolhidas com princípios de responsabilidade ambiental, social e económica. O objetivo é deixarmos uma pegada carbónica mais reduzida, como aliás, podemos fazer o ano inteiro.
No turismo, uma grande parte do nosso impacto é no setor dos transportes, pois nas férias temos tendência para viajar para destinos mais distantes e de forma menos ecológica. Em termos de eficiência energética nos transportes, andar a pé e de bicicleta representam as melhores opções neste âmbito, seguidas dos transportes públicos. Para motivar a sua utilização, o ideal é combinar os transportes públicos com a mobilidade ativa, e assim conseguirmos alcançar mais destinos e de forma responsável.
2- Podes dar exemplos das tuas experiências? O que é que gostaste mais de fazer?
Nos últimos anos, adotei como transporte o comboio combinado com a bicicleta, sendo que já pedalei mais de 4000km, entre férias e fins de semana, o que me tem permitido explorar de forma sustentável muitas zonas de Portugal.
A bicicleta tem esta característica que, pelo seu ritmo, nos leva a viajar em harmonia com o meio. Uma das viagens que mais me marcou foi a Rota do Burro de Miranda, em Trás-os-Montes, em que fui sozinha, no inverno, apanhei alguma chuva e muitas subidas, mas durante 5 dias estive em contacto direto com a natureza e o planalto mirandês. Visitei os burros e até me deliciei a observar um veado aos saltos no seu habitat, enquanto eu ia numa subida íngreme. A minha maior viagem foi num verão, em que durante 16 dias pedalei pela Costa Litoral, desde Viana do Castelo até Lagos. Nesta, levava tenda de campismo e ia pernoitando pelas terras onde passava, então foi muito económica e sustentável.
3 – Que dicas e conselhos podes dar a quem ainda vai a tempo de fazer opções para estas férias?
Para pessoas iniciantes, que não utilizam a bicicleta no seu dia a dia, sugiro combinar a bicicleta com o comboio ou o carro, e fazer pequenos percursos em torno do local de estada (até 15-20km, contando com a ida e o regresso). Convém perceber previamente onde existem vias de maior segurança ou consultar informação sobre os percursos adequados.
Para quem tem mais experiência, que já utilize a bicicleta na sua rotina, o conselho para fazer viagens de vários dias é ter equipamento adequado: uma grelha para transportar alforges (as malas, que levam a bagagem das férias), um suporte para a garrafa de água reutilizável, e um suporte para o telemóvel de modo a consultar o percurso. Outra dica é transportar o mínimo de peso possível: menos roupas, menos acessórios, e se for para fazer campismo deve-se optar por uma tenda mais pequena e leve e saco-cama menos volumoso.
Há percursos muito agraváveis, fáceis e seguros, como a ecopista do Dão ou a ecovia do Lima. Pode-se ponderar uma bicicleta elétrica, já que atenua as subidas e pode tornar a viagem mais fácil, em termos físicos. A pergunta final que se coloca é, quem mais aceita este desafio de ir viajar de bicicleta?