A sustentabilidade do amanhã começa na circularidade de hoje Em 2025, o Dia de Sobrecarga da Terra (Global Overshoot Day) é atingido no dia 24 de julho, o que quer dizer que, a partir deste dia, a procura de recursos e serviços ecológicos por parte da Humanidade, excede o que a Terra pode regenerar este ano.
Em 1972 este dia assinalava-se a 31 de dezembro! A nossa pegada ecológica tem vindo a crescer de ano para ano devido ao modelo de desenvolvimento linear baseado em extrair-transformar-usar-rejeitar, o que leva à escassez do capital natural, social e financeiro.
De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, a Europa é apenas 11,8% circular[1] e em Portugal esta taxa desce para 2,8%[2]. A transição para uma economia circular é reconhecida como via essencial para mitigar os impactos negativos da degradação de ecossistemas, da perda de biodiversidade, da escassez de recursos, da poluição e das alterações climáticas, entre outros desafios da atualidade.
Em Portugal, o Plano de Ação para a Economia Circular em Portugal (PAEC) publicado em 2017 visava “promover a eficiência e a produtividade material da economia, substituindo o conceito de «fim-de-vida» da economia linear por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado, regenerador de recursos e dos serviços ambientais subjacentes.”
Neste momento aguardamos com expectativa a publicação do novo PAEC 2023-2027 já submetido a consulta pública. A expectativa é que o novo PAEC venha reforçar a necessidade de redução da extração e do desperdício de recursos, a fim de dissociar o crescimento económico do aumento do consumo de recursos naturais, mantendo assim o desenvolvimento económico dentro dos limites do planeta.
A eficiência e a circularidade são fatores de competitividade das empresas e sustentabilidade das organizações.
Uma das medidas práticas indicadas neste plano é a implementação de um sistema de classificação de boas práticas de gestão em economia circular, como forma de capacitar o tecido empresarial de competências em economia circular, tornando-o mais ciente dos benefícios económicos de produtos/serviços circulares.
O eCIRCULAR, criado pela ADENE em 2023, responde a este desígnio enquanto sistema inovador de classificação da circularidade das organizações, e contribui para ajudar as empresas a tornarem-se mais eficientes e colaborativas na utilização de materiais, energia e água, numa lógica de melhoria contínua, aumentando a produtividade.
O objetivo último desta iniciativa é acelerar a transição das organizações rumo a um modelo económico mais circular, sustentável e competitivo. Tal acontece através da avaliação do seu desempenho em circularidade na utilização de recursos, nas práticas de gestão e nas estratégias e do incentivo à adoção de ações e práticas circulares, promovendo a melhoria contínua e o alinhamento com os princípios da economia circular.
O eCIRCULAR é aplicável a qualquer organização, independentemente do setor e dimensão. O facto de ser uma ferramenta simples e ágil, torna-a particularmente adequada para PME. Esta iniciativa é também destinada aos profissionais que pretendem ser “agentes da circularidade”, permitindo-lhes qualificarem-se como Técnicos eCIRCULAR no terreno, levando este sistema às empresas e outras entidades.
Com 70 organizações classificadas pelo eCIRCULAR e mais de 50 auditores qualificados no mercado, a ADENE continuará a trabalhar com toda a energia na mobilização dos diferentes agentes da sociedade para uma economia cada vez mais circular!
[1] Circular economy – European Commission
[2] https://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php?title=File:T1Circularity_rate,_2010-2023_(%25)_(2).png