A Humanidade enfrenta o desafio das alterações climáticas, sendo, por isso, necessário adotar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável.
Neste contexto, o investimento na transição energética é fulcral para esse desenvolvimento, o que irá promover o aparecimento de “green jobs” e uma revolução nas profissões atuais, potenciando também o crescimento económico de Portugal.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, “green jobs” ou, em português, empregos verdes, são trabalhos que contribuem substancialmente para preservar ou recuperar a qualidade ambiental, incluindo: trabalhos que apoiam na proteção de ecossistemas e biodiversidade, na redução do consumo de energia, materiais e água; e na descarbonização da economia e na minimização da geração de todas as formas de lixo e poluição.
A necessidade de “green jobs” é transversal aos vários sectores de atividade, nomeadamente na produção e distribuição de energia, eficiência energética e hídrica em edifícios, indústria e transportes.
Na produção de energia importa dar continuidade à incorporação de energia renovável na geração de eletricidade e à produção de hidrogénio renovável, surgindo a necessidade de criar programas de formação e a reconversão profissional para os trabalhadores das centrais de produção de energia.
Já no consumo de energia, a reabilitação de edifícios apresenta um potencial elevado de redução do consumo de energia fóssil, através da melhoria da eficiência energética e da incorporação de energia renovável no parque edificado. Neste sector, verifica-se uma necessidade de promover a qualificação e certificação de competências dos profissionais, com destaque para as áreas da eficiência energética e hídrica de edifícios, sistemas fotovoltaicos, solares térmicos, bombas de calor, biomassa, gestão de energia e digitalização.
A necessidade de competitividade tem desenvolvido fortemente a eficiência energética na indústria, verificando-se, no entanto, que as indústrias de alta intensidade energética, como as cimenteiras, cerâmicas ou siderurgias, não conseguem descarbonizar apenas a partir da eletricidade de fonte renovável. É necessária a introdução de gases renováveis, nomeadamente de hidrogénio, no mix energético nacional, uma tecnologia embrionária, mas com grande potencial de desenvolvimento e necessidade de formação e capacitação de novos profissionais.
No que se refere ao setor dos transportes, o crescimento da mobilidade elétrica e das redes inteligentes, irá dinamizar a necessidade de novos profissionais, com destaque para a manutenção de veículos elétricos e a instalação de novas redes de energia elétrica e pontos de carregamento.
A situação de pandemia e atual crise energética que se vive na Europa veio intensificar a necessidade da transição energética e de profissionais qualificados para a colocar em prática. Verificam-se, no entanto, constrangimentos económicos, financeiros, técnicos, sociais e legais que limitam essa transição.
Esta transição está a acontecer, sendo apenas uma questão de tempo para a alcançar. Os “green jobs” serão imprescindíveis, verificando-se atualmente uma tendência internacional emergente nos currículos, no aconselhamento de carreira e na recolocação profissional para dar resposta às necessidades crescentes de recursos humanos para alcançar um futuro sustentável e inclusivo.