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Green Jobs e a transição energética

Pedro Mateus

Coordenador da Academia ADENE

10.10.2022

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min. de leitura

A Humanidade enfrenta o desafio das alterações climáticas, sendo, por isso, necessário adotar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável.

Neste contexto, o investimento na transição energética é fulcral para esse desenvolvimento, o que irá promover o aparecimento de “green jobs” e uma revolução nas profissões atuais, potenciando também o crescimento económico de Portugal.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, “green jobs” ou, em português, empregos verdes, são trabalhos que contribuem substancialmente para preservar ou recuperar a qualidade ambiental, incluindo: trabalhos que apoiam na proteção de ecossistemas e biodiversidade, na redução do consumo de energia, materiais e água; e na descarbonização da economia e na minimização da geração de todas as formas de lixo e poluição.

A necessidade de “green jobs” é transversal aos vários sectores de atividade, nomeadamente na produção e distribuição de energia, eficiência energética e hídrica em edifícios, indústria e transportes.

Na produção de energia importa dar continuidade à incorporação de energia renovável na geração de eletricidade e à produção de hidrogénio renovável, surgindo a necessidade de criar programas de formação e a reconversão profissional para os trabalhadores das centrais de produção de energia.

Já no consumo de energia, a reabilitação de edifícios apresenta um potencial elevado de redução do consumo de energia fóssil, através da melhoria da eficiência energética e da incorporação de energia renovável no parque edificado. Neste sector, verifica-se uma necessidade de promover a qualificação e certificação de competências dos profissionais, com destaque para as áreas da eficiência energética e hídrica de edifícios, sistemas fotovoltaicos, solares térmicos, bombas de calor, biomassa, gestão de energia e digitalização.

A necessidade de competitividade tem desenvolvido fortemente a eficiência energética na indústria, verificando-se, no entanto, que as indústrias de alta intensidade energética, como as cimenteiras, cerâmicas ou siderurgias, não conseguem descarbonizar apenas a partir da eletricidade de fonte renovável. É necessária a introdução de gases renováveis, nomeadamente de hidrogénio, no mix energético nacional, uma tecnologia embrionária, mas com grande potencial de desenvolvimento e necessidade de formação e capacitação de novos profissionais.

No que se refere ao setor dos transportes, o crescimento da mobilidade elétrica e das redes inteligentes, irá dinamizar a necessidade de novos profissionais, com destaque para a manutenção de veículos elétricos e a instalação de novas redes de energia elétrica e pontos de carregamento.

A situação de pandemia e atual crise energética que se vive na Europa veio intensificar a necessidade da transição energética e de profissionais qualificados para a colocar em prática. Verificam-se, no entanto, constrangimentos económicos, financeiros, técnicos, sociais e legais que limitam essa transição.

Esta transição está a acontecer, sendo apenas uma questão de tempo para a alcançar. Os “green jobs” serão imprescindíveis, verificando-se atualmente uma tendência internacional emergente nos currículos, no aconselhamento de carreira e na recolocação profissional para dar resposta às necessidades crescentes de recursos humanos para alcançar um futuro sustentável e inclusivo.

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Sobre o autor

Pedro Mateus, Coordenador da Academia ADENE

Mestre em Engenharia Mecânica, no perfil de Energia pelo Instituto Superior Técnico (IST). Iniciou a atividade profissional na área do projeto, instalação e manutenção de instalações de aquecimento ventilação e ar condicionado (AVAC).
Desempenhou a função de coordenador da área de Qualidade do Sistema de Certificação Energética de Edifícios (SCE).
Colabora como formador da Academia ADENE em diversos cursos relacionados com a eficiência energética e hídrica em edifícios.
Reconhecido como Perito Qualificado I e II, com interesse pela eficiência energética e energias renováveis em grandes edifícios de comércio e serviços.
Tem participado ativamente em diversos projetos nacionais e internacionais no âmbito da eficiência energética de edifícios e desempenha atualmente a função de coordenador da Academia ADENE.

A ADENE é a agência nacional para a energia, com uma missão centrada nas pessoas e a ambição de reforçar o posicionamento de Portugal na descarbonização, é um parceiro ativo da transição energética, fortalecendo parcerias, dinamizando a política pública e estando mais próximo dos cidadãos. Com toda a energia!

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